Chão de Urtigas (Nettle Ground)
September 27, 2024 

Perpétuo-Educação e Cultura — Sala Estúdio (Porto)
12:00 PM Exclusive to Perpétuo-Educação e Cultura.
6:00 PM + 8:00 PM Open to the general public, with priority given to children over 5 years old and their accompanying adults, with prior registration.

Duration: 35 minutes.
Maximum capacity of 25 people, including both adults and children.


Chão de Urtigas
Dia 27 de Setembro de 2024
Perpétuo-Educação e Cultura — Sala Estúdio (Porto)
12h Exclusivo aos utentes do Perpétuo-Educação e Cultura.
18h + 20h Aberto ao público em geral, prioridade a crianças acima dos 5 anos e respectivo acompanhantes mediante inscrição.

Duração: 35minutos.
Lotação máxima de 25 pessoas, entre adultos e crianças.


[ENG]
Chão de Urtigas (Nettle Ground) is a creation project by Isabel Carvalho in musical collaboration with Kali / João Leonardo, aimed at all ages, especially children and young people. Its objective is ecological awareness by creating a moment that inspires a "Sense of Wonder" (Rachel Carson).

Chão de Urtigas consists of a staged reading of a tripartite text dedicated to bats, moths, and butterflies – three fascinating animals that are at risk due to the excess and intensity of artificial lights in cities. These three animals are associated with three words: Silence, Emptiness and Nothingness, with the caution that these should be used carefully, as they conceal knowledge and contact with very subtle existences and expressions. Then, what reality is marked by the word Silence? And by the word Nothingness or Emptiness? Is there truly Silence, or does it only refer to the absence of the human voice? And when we fall silent, what do we hear? There are very subtle sounds that we can hear, but there are also sounds that we cannot perceive with our ears, the so-called infrasounds. The same applies to Nothingness, because beyond what our eyes capture, there is a world that escapes us, but that doesn't mean it isn't there... If we were to lift, as if they were a veil, what these words cover in our immediate surroundings, we would perceive many beings around us that communicate and express themselves in their own languages. On this planet, we cohabit with many more-than-human beings, and just because they are of different scales and use different codes, we should not ignore them. We share the same home, the Earth, but we do not own it.

Between what is audible and visible and what is neither audible nor visible, the separation is primarily due to light. The excess of lights – whether emitted from below, like streetlights, or from above, like satellites in the sky (both designed for human comfort and supposed utility, particularly in terms of safety, although it is known that more light does not necessarily bring more protection) – are hostile to life in an extended community. Moreover, in Chão de Urtigas, the experience of the Universe is also questioned, because artificial lights no longer allow us to observe the faint stellar lights or connect with the infinite, disrupting the contemplation of a world full of existential possibilities.

Chão de Urtigas follows O Teatro das Plantas (The Plant Theatre, 2023), the first collaboration between Isabel Carvalho and Kali / João Leonardo, where similar issues were already addressed, that time from the coexistence in a garden. The result of that experience sparked the desire to reach out to younger audiences who, according to Rachel Carson and because they are closer to the ground, are more capable of being "amazed" by small things and seeing the extraordinary in the "infra-ordinary." Indeed, Chão de Urtigas refers to the common condition of belonging to the ground, of gravitating over it, and within it, nettles are a symbol of the neglected, the small things that so often surprise and amaze us.

Free entry with an optional donation to the Earthsea Association: NIB 0010 0000 62416370001 18.

[PT]
Chão de Urtigas é um projeto de criação de Isabel Carvalho em colaboração musical com Kali / João Leonardo, destinado a todas as idades, em especial a crianças e jovens, e tem como objetivo a sensibilização ecológica através da criação de um instante impulsionador de “maravilhamento” (Sense of Wonder, Rachel Carson).

Chão de Urtigas consiste na leitura encenada de um texto tripartido dedicado aos morcegos, às mariposas e às borboletas – três animais muito curiosos que se encontram em risco, devido ao excesso e à intensidade de luzes artificiais nas cidades. Associam-se aos três animais três palavras: Silêncio, Vazio e Nada, com a advertência de que estas se devem usar com cuidado, uma vez que sob as mesmas palavras se escondem o conhecimento e o contacto com existências e expressões muito subtis. Assim, que realidade é marcada pela palavra Silêncio? E pela palavra Nada ou ainda pelo vocábulo Vazio? Existirá de facto Silêncio, ou este refere-se apenas à voz humana? E quando nos calamos, o que ouvimos? Há sons muito subtis que se ouvem, mas há ainda sons que não podemos sequer ouvir com os nossos ouvidos, os chamados infrassons. O mesmo se passa com o Nada, porque além do que o que os nossos olhos captam, há um mundo que nos escapa, mas não é por isso que não está lá... Se levantarmos, como se fosse um manto, o que estas palavras, no nosso envolvente próximo, encobrem, perceber-se-iam ao nosso redor tantos seres que se falam e se expressam nas suas próprias línguas.  Neste planeta, somos coabitantes de muitos seres, mais que humanos, e, apenas porque são de diferentes escalas e usam diferentes códigos, não os devemos ignorar. Partilhamos a mesma casa, a Terra, mas não somos donos dela.

O que separa o que é audível e visível do que não é, nem audível nem visível, é especialmente a luz. O excesso de luzes – quer emitidas de baixo para cima, como os candeeiros, quer de cima para baixo, tal como os satélites no céu (ambos concebidos para o conforto humano e suposta utilidade, particularmente no que diz respeito à segurança, muito embora se saiba que mais luz não traz necessariamente mais proteção) – são hostis à vida numa comunidade alargada. Além do mais, em Chão de Urtigas, é também a experiência do Universo que é questionada, pois as luzes de produção elétrica não nos permitem já observar as luzes ténues siderais, nem contactar com o infinito, perturbando a contemplação de um mundo de possibilidades existenciais.

Chão de Urtigas surge depois de O Teatro das Plantas (2023), a primeira colaboração de Isabel Carvalho e Kali / João Leonardo, onde já tinham sido tratadas questões semelhantes, dessa outra vez a partir da convivência num jardim. Foi o resultado dessa experiência que suscitou a vontade de ir ao encontro dos mais novos, que, segundo Rachel Carson e porque se encontram mais perto do chão, estão mais aptos a “maravilharem-se” com as coisas pequenas e em ver o extraordinário no “infra-ordinário”. Com efeito, Chão de Urtigas remete para a condição comum de pertencermos a um chão, de sobre ele gravitarmos e de nele as urtigas serem símbolo do negligenciado, das coisas pequenas que tanto nos surpreendem e nos maravilham. 

Entrada gratuita com opção de donativo livre para a Associação Earthsea: NIB 0010 0000 62416370001 18
 
Project, Text, Voice, and Paintings
Projeto, Texto, Voz e Pinturas
Isabel Carvalho

Sound Composition
Composição Sonora 
Kali / João Leonardo

Performers
Interpretes  
Isabel Carvalho
Kali / João Leonardo
Julieta Juliana
Daniel Silvestre

Costumes and Accessories
Figurinos e Acessórios 
Inês Ballesteros
Isabel Carvalho

Sound Editing
Edição de Som  
Inês Lamares (Cabriolet Music Studio)

Image Editing
Edição de Imagem  
Juliana Julieta

Design
Márcia Novais

Production and Image Capture
Produção e Captação de Imagem 
Vera Carmo

Mark